Der Letze Weg
Publicado em Rock n'Heavy
Para quem não conheça, formados em 2008, os Dark Salvation
praticam um melodic death metal que funda raízes no Liechtenstein,
paragens pouco prolíficas no que ao metal diz respeito, daí que a banda
mereça alguma atenção.
Der Letze Weg é o segundo álbum de originais dos Dark Salvation, o álbum de estreia , Bärgthron, data de 2010 e, antes disso, apemas haviam lançado a demo Spartha (2008) e um DVD gravado ao vivo intitulado Dark Winter Nights III (2009).
Depois
da intro construída em torno de sonoridades cinemáticas e orquestrais,
começamos a sentir o pulso à banda. A primeira nota de interesse vai
para os growls de Gianluca Teofani que, tipicamente alicerçados
numa matriz death metal, manifestam assertividade e poder, sendo que
lhes falta alguma diversidade tonal ao longo das músicas. Kevin Schädler e Simon Sprenger,
nas guitarras, mostram eficiência, e o contraste entre a distorção
rítmica e o canto límpido das cordas da guitarra solo resulta
particularmente harmonioso. A restante secção rítmica é o calcanhar de
Aquiles deste universo musical, registando-se alguma falta de “músculo”.
As linhas de baixo são demasiado sibilinas, daí que seja difícil tomar o
pulso e perscrutar a "tensão cardíaca" emanada pelas cordas de Marcel Gebert. A bateria de Samuel Schädler
soa, por vezes, quase vinda do fundo do poço. Estas debilidades
devem-se, porventura, a opções menos conseguidas ao nível da produção,
aspecto que merecia um trabalho mais cuidado neste álbum.
Assim, importa valorizar temas como “Tränenmeer” e “Eifersucht”,
visto que aparentemente são aqueles em que a identidade dos Dark
Salvation surge de forma mais evidente, sendo também aqueles que denotam
uma maior complexidade performativa e composicional. Destaque-se
também “Sekunden meiner Macht” pela capacidade de apresentar uma
maior diversidade de motivos, partindo de um prelúdio atmosférico e
etéreo, ao som de teclados, em que a voz assume uma tonalidade
sussurante, e explorando, depois, o contraste com o registo mais
habitual da banda. O epílogo fica reservado para “Endzeit”, que
podemos traduzir precisamente como “Final”, momento em que há uma maior
evidência na componente instrumental, trazendo a guitarra baixo um pouco
mais para a frente, mas sem que se registe um grande dinamismo.
Os Dark Salvation denotam
potencialidade e podem singrar nos caminhos do metal, no entanto, para
que essa evolução aconteça, talvez seja necessário que o processo de
gravação e mixagem ocorra fora do Liechtenstein, no seio de um contexto
mais capacitado e experimentado nas valências do melodic death metal,
visto que as maiores debilidades de Der Letze Weg decorrem, na nossa opinião, precisamente de um trabalho menos conseguido a esse nível.
Sem comentários:
Enviar um comentário